30 setembro 2006

Acto I


Um acto teatral onde os personagens
Vão abandonando a sala
Como se desistissem do seu próprio fim.

No palco, as deixas repetem-se,
Há a necessidade de continuar a acreditar,
Tenho de falar, deixar o meu texto continuar.

Tradições que se tentam justificar
Na sedução do pensamento fácil, fútil.
O perder de uns, o tolerar de uns, a minha ilusão!

Um, dois... o sinal da campainha!
Termina o intervalo do tempo,
Procura-se conhecer enfim o tão aguardado, fim!

Passou?



Num sonho bebemos o encanto da magia,
Lutamos!
Agora, debato-me pelo que deixaste de mim,
Reconstruo!

Encontros pedem mais de mim,
Tu já não estás...

(Triste a vontade que me sacode a mente,
chamar-te!)

Vontade de... mudar padrões,
Abrir a porta de um novo mundo.
Fugir do conhecido,
Do que está em mim.

Amo demasiado...

A cidade (um Porto de emoções fortes),
O cheiro da terra em dias chuvosos,
Os abraços dos meus amigos sentidos,
O amor da melhor família (a minha),
O dia-a-dia da profissional bem sucedida,
O que passou,
O passado que ficou...
O que sinto,
Acaricio,
Mimo e cuido.

Se um dia acordar
Guardarei este passado,
Viverei com vontade de amar de novo.

Para além de nós




Algo está em mim
Habita-me
Corrói-me,
Destrói.

Corre no sangue
Suja-me a alma
Petrifica-me os desejos,
A crença.

Quero o brilho!

Fecho-me no buraco negro
Sem te deixar entrar.

Espero que me descubras
No acaso inexistente,
Na vida.

Não há tempo.
Não há destino.

Há a nossa vida.
O que havemos de viver?

Que é que me magoa
Impede de seguir
De te encontrar?

Aprisiono-me em ordens
Que me entopem a mente.
Se a soubesse calar!
Se te soubesse encontrar.

Os ses de sempre...

Estes prolongam-se para além de nós.

11 setembro 2006

Setembro 11



Caminho exaustivo este até ao fim
Desconheço o que irá mudar,
O que vai acabar.

Sinto que posso ir confiante
Poderá ser minha loucura,
Poderá ser !

Mais louca seria se conseguisse adormecer
Nos destroços
Dos meus sonhos.
Mais louca seria se não acordasse
Para viver.

Seguirei a minha intuição
Irei até onde as minhas forças chegarem.

06 setembro 2006

Tudo tem fim


Subo os degraus da escada,
Rodo a chave na porta,
Sorrio como se encontrasse
A fórmula de bem-estar.

Estou mais sensível,
Será da lua?
Descalço-me virando as costas
A mais um dia...
Vou despindo-me até à cozinha
Há vontade de me servir um agrado,
Premiar, sobrevivi.

Escolho o mais elegante copo
Observo a garrafa de Monte Velho
Desejando-a como não imaginei ser capaz
Surpreendendo-me...

São as dores de cabeça
Que me trazem de volta
Rendida pouso o copo.
Que se aqueça água para o chá.

O toque, a mensagem:
“Queria muito poder ver-te, abraçar-te...
Porque me negas isso desde que voltei?!
Porque nem sequer me contas o que se passa contigo
E me despachas com um
“ a minha vida está um caos, agora não?!”
Sinto a tua falta.
Se não queres que mensage mais diz-me eu desapareço.”

Lunática,
Será esta a influência?
Defino Gotan Project como banda sonora
Que se despeça este dia!
Estou desesperada pela chegada do novo dia!
Até quando mais?!
Que mais poderei ouvir?
Que mais poderei ler?
Que mais poderei sofrer?
Que mais perderei?
Tudo termina, tudo tem fim!

04 setembro 2006

Arrumado!



Porque hoje não é um bom dia para amar...
Acordo para tentar arrumar a minha vida
Na decisão começo no quarto
Procuro espaço para uma nova era.

Mil e um objectos de decoração
Comprados, oferecidos, todos com imensas funções.
Hoje, alinho-os apenas com uma finalidade
A despedida! É lixo o seu fim!

Assim vou arrumando definitivamente
Sempre com a certeza de não voltar a ver.

Há blocos por escrever, canetas por gastar...
Como se faltasse sempre viver um último momento,
O fim!

Adiei promessas de um dia voltar
Demasiado tempo.
Preferi partir para novas páginas, novos cadernos
E deixar para um dia regressar.

Da arrumação resultam sacos de memórias,
O resumo de uma fase da vida.
Em que o melhor é lixo,
O pior esqueci sem deixar recordações.

Acumulei demasiado por querer voltar,
Talvez para o fim!
Hoje, há mais espaço.
Estou liberta, com vontade de viver
E preencher todos os espaços vazios.