29 dezembro 2005

Preciso de ti!


Sim tu sabes, este é para ti!
Tu sabes que chegaste,
Não és um sonho nem miragem.
Contigo é tudo mais simples,
Vieste com uma função
E sabes que estas a cumpri-la bem,
Amanhã...
Seremos amigos.

27 dezembro 2005

Corri de ti...















Corri de ti...
Fugi!
Parti!

Na escuridão perdi-me, no desespero comecei a chorar
E tu... vieste.

Estas dentro de mim, tirar-te para quê?
És o sol que me ilumina e aquece quando já ninguém está lá.

Dás-me tão pouco, mas nunca ninguém me deu mais.
Conheces-me melhor do que eu...

Eu amo-te melhor do que tu.

Hoje

Hoje,

Falamos trocamos palavras de amor e esperança.
... e eu continuei aqui, neste cais frio.
Sou refém de uma dor que aprendi a amar,
Já não sei o que é o calor do amor,
Já não sei como é estar ao teu lado,
Faz tanto tempo!

Só o tempo sabe!

Ontem...


O passado é o que fizemos e o que somos

É a nossa mais pura essência.

É a vida...

Para mim o passado é a felicidade em momentos
E a dor constante.
Quando recordo o minha infância
Vejo-me a procura do amor que não tive
Do homem que não estava lá.
Estavam todos, tive muitos momentos de felicidade,
Mas ele não estava, tinha-se atrasado,
Tinha-se esquecido.

Não! Eu sabia que ele voltava e voltou, como hoje eu sei
Que tu voltarás.

Meu coração tardou...

















Meu coração tardou.
Meu coração
Talvez se houvesse amor nunca tardasse;
Mas, visto que, se o houve, houve em vão, Tanto faz que o amor houvesse ou não.
Tardou. Antes, de inútil, acabasse.
Meu coração postiço e contrafeito
Finge-se meu.
Se o amor o houvesse tido,
Talvez, num rasgo natural de eleito,
Seu próprio ser do nada houvesse feito,
E a sua própria essência conseguido.

Mas não.
Nunca nem eu nem coração
Fomos mais que um vestígio de passagem
Entre um anseio vão e um sonho vão.
Parceiros em prestidigitação,
Caímos ambos pelo alçapão.
Foi esta a nossa vida e a nossa viagem.

Fernando Pessoa

23 dezembro 2005

Quanto mais fundamente penso...

Quanto mais fundamente penso, mais
Profundamente me descompreendo.
O saber é a inconsciência de ignorar...

Só a inocência e a ignorância são
Felizes, mas não o sabem. São-no ou não?
Que é ser sem o saber? Ser, como a pedra,
Um lugar, nada mais.
...

Quanto mais claro
Vejo em mim, mais escuro é o que vejo.
Quanto mais compreendo
Menos me sinto compreendido. Ó horror
paradoxal deste pensar...
...

Alegres camponesas, raparigas alegres e ditosas,
Como me amarga n’alma essa alegria!

Fernando Pessoa

Não, não é cansaço...

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar.
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Álvaro de Campos