16 maio 2007

Finalmente o fim, espero!





No Outono prematuro vem o escurecer
pôr em evidência todo o absurdo,
na sombra sou a escrava pautada pelo destino,
perco-me em mim, em noites de boémia consciente.

Repouso na interrupção dos sonhos,
repouso os olhos que se cansaram de esperar ver-te,
repouso porque se cansaram de chorar-te,
repouso porque há um chá que evapora lentamente.

Uma mistura de sensações,
uma mistura de sentimentos,
uma mistura de sofrimentos,
que baste este chá para adoçar os sentimentos e
afogar os sofrimentos.

Penso às vezes que já saí daqui,
Penso às vezes que nunca sairei...

Esquecer os fantasmas na fé do infinito,
no abstrato indefinido...

Perder-me no destino profundo
deixar-me desdenhar num mundo de tédio,
num pesadelo inútil onde as paredes de nada impedem,
há mais em mim, há a surdez da vida de que me falo.

Oh trage forçado que me convertes,
apeadeiro que não me deixas chegar,
opressão que me penitencias na solidão,
como me puderam um dia amar assim!

Ocorre-me a existência de um farol...
irei, irei até ao fim.

06 maio 2007

Sol



Deito-me no chão como se daqui já não saísse
há dias, ou meses!
Observo as vagarosas nuvens que lembram do tempo.
Haja silêncio para me corroer na memória.
Lá ao fundo o piar das aves, o cantar dos grilos,
Como se eles fossem felizes!

Altera-se a gravidade, posso atirar-me no infinito,
Cair no céu azul, ser abraçada pelo branco puro
e divino das nuvens.
Oh ninfas! Oh guias!
Não era a força da terra que me fazia caminhar,
era o amor!

Com as mãos espalmadas na terra seca, quente,
Enterro os dedos, procuro as raízes
Para que possa segurar-me,
Para que possa, enfim, prosseguir.

Só!
Com um céu mais azul, as nuvens mais vagarosas,
Aguardo o teu partir,
o último minuto deste terror absoluto.
Arrasto-me na poeira, no rosto ficam partículas de terra húmida,
No rasto das lágrimas que secaram.

Foi uma pequena história!
Mas num mundo já tão desgastado de emoções, decepções...
Dias haverá em que não ficarei aqui nas questões:
Que foi que não fiz?
Porque eu sei que não fiz...

O tempo passado irá anular-se subitamente,
Talvez quando as nuvens se forem...
Será isso que queres?
O que é que eu não fiz?
Deixa-me ficar a ver-te partir
Porque haverá sempre um amanhecer,
Pelo menos para ti!