27 abril 2006

Porque houve um tempo em que nos completamos...




















Gostava de sentir novamente o teu calor antes do fim,
Gostava de te acordar para o nosso dia com um café sobre a mesa,
Uma compota de morango à mistura,
O sol a iluminar-nos,
O rio a correr por entre os teus pés sensíveis.

Apenas a natureza a testemunhar o reencontro,
O momento em que os pássaros cantam mais baixo,
As cores se desfocam
E nós, alí...
Juntos perto do fim.

13 abril 2006

Raízes


























As raízes que me sustentam,
A infância de onde vim
São a minha essência.
Venho daqui, de dentro da natureza.

Cresci a ouvir os sons dos pássaros no alto,
As aguas acariciavam-me os pés nas
Tardes quentes da primavera.

Sempre reconheci a força que brota da mais pequena flor.

São os campos da minha infância
Que me alimentam o pensamento.

Corre em mim o sangue de agricultores sábios,
De quem cedo descobriu de onde vimos e para onde vamos.
(Os ciclos da natureza!)

Assim como no campo o repouso evita a esterilidade,
Eu espero o momento.
A terra fértil precisa
Do tempo certo para o cultivo,
Assim é a vida
Um momento.

Aprendi a entender a vida na natureza
Com os meus avós...
É preciso por vezes esperar para colher o fruto mais saboroso.

A ambição na terra leva à ruptura, à desertificação.
O quanto esperei... para colher a minha primeira maça.
Até hoje sinto aquele gosto verde, ácido que me marcou.

A árvore esquecida deixou de dar frutos
E foi condenada ao fim.
Eu perdi-a!


(dedico estas palavras aos meus avós e a única arvore que plantei)